No Seminário 7 – A Ética da Psicanálise, Lacan propõe que a Ética Analítica não gira em torno do bem, mas do desejo. Ele aponta que não se trata de buscar o bem no sentido utilitário ou moral, mas de manter uma posição ética diante daquilo que o sujeito tem de mais íntimo: sua relação com o gozo.

A máxima "não cedas de teu desejo" não autoriza impulsividade, mas convida à responsabilidade diante da própria divisão subjetiva.

O Analista não ocupa o lugar de quem sabe o que é melhor para o paciente. Ele não atua como um conselheiro moral ou técnico de condutas. Ao contrário, sustenta um lugar Ético que não busca preencher as faltas do sujeito, mas favorecer o confronto com o que o habita. Ao não querer nada em seu lugar, o Analista permite que algo novo se apresente — algo fora do roteiro social.

Psicanálise x Terapia Tradicional: uma questão de direção

Enquanto muitas terapias visam adaptar o sujeito ao mundo — corrigindo comportamentos, reformulando crenças e promovendo estratégias para uma vida funcional — a Psicanálise Lacaniana aposta na escuta do sintoma como expressão do desejo. Em vez de buscar a reintegração social do paciente a qualquer custo, a análise convida à travessia de uma experiência subjetiva única.

O sintoma, na psicanálise, não é uma falha a ser eliminada, mas uma formação que carrega verdade. E o tratamento não se orienta por normas externas, mas por aquilo que, no sujeito, insiste e resiste. A cura analítica não vem pelo alívio imediato, mas por uma transformação profunda na relação com o próprio gozo.

É aqui que a psicanálise se diferencia: onde outras abordagens oferecem adaptação e normalização, ela oferece um espaço para lidar com o que escapa — com o que não se acomoda nem se traduz. É nesse ponto que surge o objeto a, esse resto irredutível que marca o sujeito e o liga ao Real — aquilo que não cessa de não se inscrever.

WhatsApp

Ficou com Dúvidas? 
Me envie uma mensagem e vamos marcar uma consulta!